terça-feira, 4 de agosto de 2009

Condenado à morte que a Ela recorre, salva-se miraculosamente.

Ardorosíssimo devoto de Nossa Senhora do Bom Conselho, certa vez Mons. João Clá Dias comentou um grande milagre obtido através desta tão bondosíssima Mãe, desejoso de incutir, espandir e fortalecer a confiança neste milagroso afresco.

Um milagre tocante, narrado por De Orgio, e extraído dos primeiros anais do Santuário, foi a libertação de um condenado à morte chamado Giovani di Andrea, de Sarzano, na véspera da execução:

" Ele se encontrava na prisão pública de Siena, condenado à morte com seus outros dois companheiros celerados e facínoras. Por mais que um zeloso frade da
Ordem de São Francisco se aplicasse, redobrasse esforços e se cansasse para dipô-lo a bem morrer, não houve modo de levá-lo a dar o passo tão premente. Dizia sempre: " Ó Padre, dá-me um remédio para evitar esse golpe de morte".

Depois que lhe demonstrou a impossibilidade de livrar-se daquela prisão e da morte funesta à qual deveria submeter-se na manhã seguinte, por fim, enfadado, e talvez inspirado por Deus, disse-lhe o bom padre:" Se a milagrosa Madonna recentemente aparecida em Genazzano não te livra da morte, tu estarás amanhã indubitavelmente na eternidade". E assim desgostoso partiu.

Saindo o bom padre, Giovanni se lança com o rosto por terra, e começa a chorar sem cessar e a exclamar: " Ó Virgem Santíssima, se me fizerdes tão grande graça, imediatamente irei a vossos pés agradecer-Vos tão grande milagre". Dito isso viu de repente romperem-se os grilhões de seus pés. Vê, cheio de espanto e desejo de fugir, uma janelinha daquela prisão, à qual não poderia subir: aproxima-se dela e tenta a façanha. E facilmente, como se existisse uma escada invisível sobe.

Uma vez no alto fica assustado, por ver em baixo um precipício profundíssimo, de tal modo que era impossível lancar-se por ali sem se fazer em pedaços. Os companheiros gritam: " Louco! Desce, desce, e prepara-te para a morte pois do contrário tu te arruinarás". Tomando ânimo e cheio de vivíssima Fé por ter visto despedaçarem-se os grilhões milagrosamente e por ter subido até àquela janela sem saber como, faz o sinal da Cruz, volta a recomendar-se com fervor a Maria Santíssima de Genazzano e se atira sem nenhuma demora, dizendo repetidamente ao lançar-se e cair : " Ó Santa Maria de Genazzano ajudai-me".

Que prodígio digno da Imperatriz dos Céus! Como se uma nuvenzinha celeste o tivesse levado até embaixo, chega ao solo intacto, ileso, sem nenhum dano:" Invenit se illesum et intactum, tanquam si no cecidisset"-Encontrou-se ileso e intacto, como se não tivesse caído, assim se lê no depoimento feito logo depois.

Considerando assim o grande milagre, ao lado de tantos outros, bem resolveu a justiça humana deixá-lo em liberdade, visto que a Misericódia de Deus o desejava livre para a maior glória de Maria e de sua portentosa Imagem aparecida em Genazzano, dois meses antes.

Na manhã seguinte, tendo sido decapitados os outros dois, alegre e contente tomou o caminho de Genazzano e aqui chegou, aos 11 de julho de 1467, para agradecer à sua divina Libertadora e narrar, depondo com juramento sobre os Sacrossantos Evangelhos, em presença de sacerdotes e de Benedetto Marroco Altobello, de Genazzano, e Melchiorre di Rancilluni e de outros, o grande e portentoso acontecimento sucedido em Siena com sua pessoa."

quinta-feira, 23 de abril de 2009

O gótico e o Céu Empíreo








Impossível é, nesta terra de exílio, imaginar as maravilhas do Céu Empíreo, reservadas por Deus como prêmio para os homens. Pois como afirma São Paulo: " Coisas que os olhos não viram, nem os ouvidos ouviram, nem o coração humano imaginou, tais são os bens que Deus tem preparado para aqueles que o amam"( I Cor 2,9).


Contudo, alguns santos tiveram o privilégio de , sobrenaturalmente, entrever o lugar de felicidade onde se gozam todas as alegrias, tanto espirituais como materiais.


São João Evangelista, arrebatado por uma visão profética, descreve no Apocalipse essa Jerusalém Celeste, com os seus fundamentos de safira e esmeralda, os seus muros e pavimentos de jade e topázio, as suas colunas de cristal encastradas em puro ouro(cf.Ap, 21).


São João Bosco, que visitara o Céu Empíreo em um dos seus místicos "sonhos", assim o apresenta a seus jovens alunos: " As colunas daquelas casas pareciam de ouro, de cristal e de diamante, de forma que produziam uma agradável impressão, saciavam a vista e infundiam um gozo extraordinário. Era um espetáculo encantador."


Chama a atenção o fato de ser representativo nessas visões o Paraíso Celeste como uma bela cidade constituída por esplendorosas construções. Não se trata, entretanto, de uma mera metáfora.

O homem, na eternidade, não precisa de prédios para se abrigar das intempéries, mas continuam-lhe sendo necessárias habitações adequadas, nas quais o corpo e a alma se sintam bem acolhidos e encontrem as condições apropriadas para o convívio com seus semelhantes. Para atender a esse anseio, Deus provê para os bem-aventurados uma mansão celestial inimaginável e magnífica, em harmonia com a visão beatífica de que gozam suas almas.



Ora, quando no Pai Nosso rezamos " venha a nós o Vosso Reino", pedimos que tudo neste mundo- da natureza à arte, do pensamento à técnica, da oração às formas de governo - se aproxime quanto possível do padrão de sublimidade que existe no Céu. No campo da arquitetura, isto significa pedir que essas celestiais moradas- realizadas, sem dúvida, em estilo sui generis e inédito - possam vir a ser de alguma forma refletidas nos edifícios da Terra.



Resplandecente de luz e ornada de pedras preciosas, a Jerusalém Eterna foi o ideal esplêndido para o qual tenderam os arquitetos do medievo, em seu afã de edificar neste vale de lágrimas algo análogo.





Por isso, o gótico, com as suas ogivas e agulhas que apontam para o alto, e , sobretudo, com os seus multicoloridos vitrais e o variado jogo de luzes e sombras, proporciona aos homens um mítico e sobrenatural ambiente, ponto de referência para, através da Fé, contemplar as belezas que lhes aguardam na visão beatífica.


Em sua Carta aos Artistas, o servo de Deus João Paulo II observa que " a força e a simplicidade do românico" desenvolveu-se gradualmente "nas ogivas e esplendores do Gótico". E logo a seguir afirma: " Onde o pensamento teológico realizava a Summa de São Tomás, a arte das igrejas submetia a matéria à adoração do mistério".


Se, aos Anjos, Deus incumbisse de levantar grandiosos templos na Terra, escolheriam eles um estilo diferente?

quarta-feira, 4 de março de 2009

Semana Santa



Os magníficos comentários do
como a dor nos leva ao amor a
Deus.



"Onde está , ó morte , a tua vitória? Onde está , ó morte , o teu aguilhão?" Fazendo eco a essas palavras de São Paulo na primeira Epístola aos Coríntios , a liturgia da Semana Santa se refere à Paixão do Senhor , proclamando que os tormentos por Ele sofridos transformaram-se em glória e esplendor. Ao triunfar sobre a morte e o pecado, Cristo Jesus comprou nossa salvação , abrindo de par em par as portas do Céu.
Foi esse , entretanto , o único objetivo do Salvador com seu supremo martírio? Não. Além de reparar as ofensas feitas ao Pai pelos pecados cometidos por suas criaturas humanas , e de redimi-las , quis Jesus nos ensinar um novo caminho de amor a Deus: o oferecimento irrestrito das próprias dores , chegando até ao sacrifício da própria vida.


Após o pecado original , afirma São Tomás , estabeleceu -se na alma humana a necessidade do sofrimento para facilitar-lhe a aceitação de seu estado de contingência e , assim , ser levada a recorrer ao auxílio sobrenatural. Está é a razão pela qual muitos autores católicos têm comparado a dor a uma espécie de "oitavo sacramento" . Sem esse poderoso meio , acentuar-se-ia no homem a tendência de fechar-se sobre si mesmo e constituir -se em centro do universo. A dor o obriga a juntar as mãos em atitude de oração e a implorar a proteção de Deus e dos santos.


Jesus , ao submeter-se a dores atrozes , físicas e morais , deu-nos o exemplo e a lição de quanto a dor é eficaz para conquistarmos a vida eterna. Visto na perspectiva da Cruz de Cristo , o sofrimento é suportado com paz e serenidade e se torna insubstituível instrumento de conversão e progresso espiritual.

A Semana Santa nos traz excelente ocasião para refletirmos a respeito dos benefícios da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo. Aproveitemos para pedir a nosso Redentor , Por intercessão de Nossa Senhora das Dores , que os méritos do seu preciosíssimo sangue derramado desçam sobre nós, de modo que , ao enfrentarmos nossas dores quotidianas , tenhamos as mesmas forças com que Ele enfrentou as dores da Paixão.