sábado, 16 de julho de 2011

QUAL O TIPO DE SANTIDADE IDEAL PARA O HOMEM DE HOJE?

Ensina-nos São Tomás que, sendo Deus infinito, não poderia refletir-se numa só criatura, mas sim numa multiplicidade delas,e por isso criou Ele o Universo.
É através das coisas visíveis que o homem se eleva até as invisíveis. Por exemplo, contemplando uma simples concha de mar, podemos compreender o quanto Deus é, por assim dizer, afetuoso para conosco, pois, se para um molusco oferece Ele um tal “palácio” de madrepérola, qual não será a maravilha preparada para cada um de nós na mansão celeste?
São Paulo afirma com clareza essa verdade, em sua carta aos Romanos: “Desde a criação do mundo, as perfeições invisíveis de Deus, o seu sempiterno poder e divindade, se tornaram visíveis à inteligência, por suas obras”(1, 20).
Ora, essa realidade é ainda mais rica na ordem sobrenatural. Os seres que nos fazem conceber uma idéia mais próxima de quem é Deus, são os Santos. E o grande número destes demonstra o quanto quer Ele ser conhecido através de seus eleitos. Esta é também a razão da existência da rica variedade de feitios de santidade; para o homem há modelos em profusão, constituindo todos, no seu conjunto, um verdadeiro universo.
Em cada fase da História, a Divina Providência suscita uma plêiade de Santos, não só para se tornar mais acessível à humanidade, como também com a finalidade de contrapor-se aos erros e desvios morais de sua época.
Nesta perspectiva, melhor se entendem os Santos das Ordens mendicantes nascidas na Idade Média, como um São Francisco de Assis ou um São Domingos de Gusmão. Apresentando um tipo humano bem definido, surgiram eles, em meio aos esplendores de uma sociedade que intuía não estar longe de conquistar o mundo, para pregar o quanto os bens materiais são simples meios para realizarmos nossa vocação de cristãos e jamais o nosso fim último.
Com efeito, percorrendo os séculos do Cristianismo — e até mesmo os do Antigo Testamento — encontraremos um belíssimo caleidoscópio de feitios de santidade, cada um convidando ao equilíbrio e à perfeição nas relações dos homens entre si e com Deus, próprios a refrear e corrigir os perigos e inclinações de seu tempo.
Hoje atravessamos dramas, riscos e ameaças antes sequer concebidos, e, ao mesmo tempo, desfrutamos de um desenvolvimento tecnológico inimaginável em épocas anteriores. O homem dispõe atualmente de recursos que teriam enlouquecido de euforia os construtores da famosa Torre de Babel. Mas, pari passu, vai ele perdendo a noção do Belo, do Bom e do Verdadeiro.
E surge, então, uma pergunta: qual é o tipo de santidade ideal para os dias presentes?
Para respondê-la, analisemos os anseios e sonhos da hodierna e sadia juventude, a sociedade de amanhã. Assim poderemos conhecer o que nos prepara Deus, como resposta da santidade e como via de perfeição, para contrabalançar os delírios e carências morais deste terceiro milênio.

terça-feira, 12 de julho de 2011

O REPOUSO OPERANTE

Deus criou o universo em seis dias e descansou no sétimo. A cada etapa, Ele contemplava a obra realizada e via que era boa. Após ter analisado o conjunto, Ele o classificou como ótimo, e “descansou do seu trabalho” (Gn 2, 2). “O fim coroa a obra”, diz um antigo ditado latino. E “todo movimento tende ao repouso”,afirma, por sua vez, São Tomás de Aquino.
A própria natureza nos ensina essa lei. Após as tempestades, os mares se acalmam, a atmosfera se torna serena e o ar se purifica; nessas ocasiões, é extremamente agradável elevar os olhos ao Céu e contemplar a Deus, sua infinita bondade e misericórdia.
As quatro estações também nos dizem algo nessa linha, pois aos rigores do inverno se sucedem as cores, os perfumes e os frescores da primavera, os calores do verão são temperados pelo lento e crescente refrigério do outono. Assim também o organismo humano, em seu equilíbrio normal, exige um certo número de horas de sono cada noite. E talvez seja esta uma das razões pelas quais quis Deus fazer a Terra girar em torno de seu próprio eixo ao longo das vinte e quatro horas do dia.
Sim, Deus instituiu a lei do repouso na ordem dos seres criados; e procura habituar os homens, durante o estado de prova nesta existência terrena, ao recolhimento com vistas à vida eterna.
À primeira análise, o descanso poderia parecer uma imagem da inação estagnada, infrutífera e deteriorante. Porém, é nele que o homem reencontra o melhor de suas energias e de sua operosidade eficiente.
Jesus mesmo chegou a dormir na barca de Pedro, em meio à tempestade, e censurou os Apóstolos por não terem suficiente fé quando estes O acordaram (Mt 8, 23-26). Aos próprios discípulos, aconselhava Nosso Senhor o repouso depois das grandes atividades. “Tendo os Apóstolos voltado a Jesus, (...) Ele disse-lhes: Vinde à parte, a um lugar solitário, e descansai um pouco” (Mc 6, 30-31).