segunda-feira, 9 de agosto de 2010

A sublimidade do Sacerdócio

Numerosos Santos e Doutores da Igreja discorrem sobre os excelsos poderes inerentes à dignidade sacerdotal. Um deles , São João Crisóstomo afirma:



"Eu fiz o céu e a terra - disse Deus - Eu te dou ó sacerdote , o poder de transformar a terra em um céu resplandecente. Eu firmei os astros na abóboda celeste , acende tu no firmamento da Igreja os astros mais brilhantes da santidade! Tu não podes criar o homem, mas podes convertê-lo a Mim. Com quanta ternura te amei, ó sacerdote, concedendo-te o poder de eclipsar com teus milagres a obra da minha criação !"


São Bernardo , tratando sobre o poder sacerdotal de administrar os Sacramentos, que ele se desdobra em três ramos , cada um deles adequado a uma das três Pessoas da Santíssima Trindade: pelo poder criador , o sacerdote é cooperador de Deus Pai ; o poder redentor o faz continuador de Deus Filho ; e o poder santificador o torna instrumento do Espírito Santo.


Poder Criador


Quando Deus disse : "Faça-se a luz (...) faça-se o firmamento ", assim foi feito. E quando o sacerdote diz : "Isto é o meu corpo (...) isto é o meu sangue" , opera-se uma operação mais maravilhosa : a Eucaristia! É o próprio Jesus Cristo , Deus e Homem , vivo sob as aparências de pão e de vinho. O criador aqui é o sacerdote!

Ele é em certo sentido , o criador do seu Criador. Isto tem todas as aparências de um paradoxo e, no entanto , é assim. Pelas palavras da Consagração , o sacerdote dá a Nosso Senhor uma vida sacramental que O torna realmente presente , com seu Corpo , seu Sangue , sua Alma e sua Divindade.



Poder redentor


Na pessoa dos Apóstolos , nosso Redentor dirigiu estas palavras a todos os sacerdotes , seus continuadores :"Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados , ser-lhes-ão perdoados ; àqueles que os retiverdes , ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 22-23).


Grandiosa foi a ação do Salvador ao ressuscitar Lázaro. Mais grandiosa , porém, é a obra do sacerdote no confessionário. A alma , vítima do pecado , está morta para a vida de Deus. Ante este cadáver espiritual , a voz do Confessor , que é a voz do próprio Cristo , se faz ouvir : " Eu te absolvo dos teus pecados". E o morto ressuscita para a vida da graça! Este é um milagre maior do que ressuscitar um morto , afirma Santo Agostinho.


Deus confiou aos sacerdotes uma capacidade da Ele próprio não faz uso imediato: a de absolver o pecador que tem apenas uma contrição imperfeita.


Ante este poder maravilhoso , exclama ainda Santo Agostinho: "Admiro a criação do céu e da terra ; porém , admiro ainda mais a obra do sacerdote , que transforma um pecador em um justo".


Poder santificador

Assim como a maternidade divina de Maria , que nos deu o Redentor , foi obra do Espírito Santo , de igual maneira , pelo mesmo Espírito a Igreja engendra perpétuamente a família dos resgastados: " A caridade de Deus é difundida em nossos corações pelo Espírito Santo"(Rom 5,5).


No caminho da virtude , os Santos foram ajudados pela graça. No entanto , o Autor da graça. quis servir-se do sacerdote como colaborador. Diz São Próspero que se os bem-aventurados entraram no Céu foi porque o sacerdote abriu-lhes as portas.


"Um Deus que se digna obedecer-me!"


Para produzir os efeitos divinos de seu ministério, o padre não pode prescindir do poder de Jesus Cristo. Porém , não O espera para atuar , mas , em contínuo contato com Ele , O põe em atitude quando quer. É o sacerdote quem toma a iniciativa para as grandes coisas que se produzem pelo seu ministério. A este propósito, exclama Santo Afonso de Ligório: “Um Deus se digna obedecer-me!”



No dizer do teólogo Tanquerey, o sacerdote “sobe da terra ao Céu para levar até Deus as homenagens de toda a humanidade, e desce do Céu à terra, com as mãos cheias de bênçãos para distribuir aos homens”.


Ao lado do fiel, em todos os momentos

Em benefício de quem foram dados ao sacerdote tão sublimes poderes?


Responde o Santo Cura d’Ars, modelo dos Párocos, explicando que o padre “não é sacerdote para si, mas para vós”, isto é, para todos os fiéis. Assim, em todo momento importante da vida do católico, a seu lado está ele para lhe conferir ou aumentar a graça.


Apenas nasce o homem, o sacerdote o purifica e regenera na fonte batismal, dando-lhe a vida sobrenatural que o torna filho de Deus e da Igreja.


Ele sustenta cada fiel ao longo de sua peregrinação nesta terra, ministrando-lhe o alimento dos Sacramentos e da Palavra de Deus. Ele é quem aconselha nas situações de dúvida, quem abençoa as pessoas, os lares, os objetos de piedade, os veículos, enfim, invoca a proteção de Deus para todas as atividades humanas.


Se o homem tem a desgraça de perder a vida da graça, pelo pecado, é o sacerdote que o ressuscita na Confissão. E se, pelo matrimônio, é chamado a cooperar com o Criador na transmissão do dom da vida humana, ainda então lá está o padre para abençoar suas núpcias.


Nas doenças graves ou na velhice, quem proporciona à alma o reconforto da Unção dos Enfermos é ele.



Quando, enfim, no dia de sair desta vida mortal, necessita o homem de força e auxílio para, sem medo, se apresentar à presença do Divino Juiz, quem o prepara e ampara é o ministro de Jesus Cristo.


Após a morte, o sacerdote conduz-lhe o corpo à sepultura, na esperança de que ressuscitará na glória. Mais ainda, quando sua alma está no Purgatório, ele vai em seu socorro, oferecendo
a Deus o sufrágio das orações oficiais da Igreja, sobretudo a Celebração Eucarística.


Assim, pois, do berço até a glória eterna, o sacerdote está continuamente ao lado do fiel, como guia no seu caminho, ministro de conforto e salvação, dispensador dos dons celestiais.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Novo Ano


Os Anjos tecem hipóteses e fazem considerações sobre o futuro;os homens, em geral, também anseiam por saber como será o dia de amanhã. Para Deus, entretanto, não existem incógnitas. Nada acontece sem que Ele já soubesse desde toda a eternidade. Toda a História encontra-se diante d’Ele como perpétuo presente.



Por que Deus não nos revela em minúcias esse conhecimento exato do porvir?


Entre outras razões, para nos manter em estado de vigilância: “Quanto àquele dia ou hora, ninguém o sabe, nem os Anjos do Céu, nem o Filho, somente o Pai. Estai alerta! Vigiai, porque não sabeis quando será o momento” (Mc 13, 32-33). Se o homem tivesse ciência do dia e hora da própria morte, por exemplo, correria grave risco de relaxar seu comportamento ao longo da existência, deixando para o último instante uma grande conversão... esperança muitas vezes ilusória, pois geralmente se cumpre o velho aforismo: Qualis vita, finis ita — como foi a vida, assim será a morte.


Ademais, o fato de o homem conhecer o futuro poderia ser considerado uma realização da mentira da serpente a Eva no Paraíso: “Sereis como deuses” (Gn 3, 5). Tal prerrogativa faria crescer irresistivelmente a inclinação da humanidade para estabelecer um governo independente do Criador.





Ora, na abertura de todo novo ano salta de dentro de nossos corações a incógnita de como se dará o desenrolar dos acontecimentos ao longo dos próximos 365 dias. Poderá alguém estar certo de não morrer nesse período? Qual a previsão para minha família, meus negócios, minha saúde, ou mesmo minhas relações sociais? Haverá alguma nação ou povo que possa estar tranqüilo quanto à sua estabilidade? Ainda mais nesta era pervadida de ameaças e ações do terrorismo internacional — com bombas nucleares espalhadas por todo o orbe, e na qual Deus e a moral vão sendo cada vez mais ofendidos e desafiados —, com base em quais fatores pode-se prever seguramente o rumo do acontecer humano?





Porém, para o homem de Fé, há um farol que não se apaga: A Igreja é imortal. “As portas do inferno não prevalecerão contra Ela” (Mt 16, 18). Alicerçada nessa promessa do Divino Salvador, sejam quais forem os acontecimentos, Ela, não só jamais morrerá, mas produzirá novos e belos frutos até o fim do mundo.



Tendo em vista essa categórica promessa do Redentor, temos plena convicção de que a Igreja é inabalável, a Igreja é imortal.