“O Senhor Deus é o amparo dos humildes” (Sl 146, 6). De fato, aos
humildes, àqueles que praticam a temperança — virtude alheia aos orgulhosos — e
se submetem à correção, à mortificação e à dor, cedo ou tarde Deus os haverá de
atender e amparar.
Quando permitiu ao
demônio atormentar Jó, Deus queria que aquele varão justo crescesse ainda mais
na temperança e, portanto, na santidade, para, em seguida, cumulá-lo de méritos
e outorgar-lhe em maior grau a participação na vida divina. Entendemos, então,
quanto as tribulações que nos atingem são, no fundo, permitidas por Deus, em
vista de uma razão superior.
Ele não pode promover o
mal para a nossa alma, e assim age porque nos ama e deseja dar-nos muito mais
do que já deu. E porque é bom, ao mesmo tempo que consente as adversidades, Ele
nos conforta, como sublinham mais alguns versículos do Salmo Responsorial:
“Louvai o Senhor Deus, porque Ele é bom, [...] Ele conforta os corações
despedaçados, Ele enfaixa suas feridas e as cura” (Sl 146, 1.3).
Ao Se debruçar sobre a
sogra de Pedro e fazer-lhe desaparecer a febre, ou ao sanar a multidão afligida
por enfermidades e tormentos, Nosso Senhor não visava ensinar que a dor deva ser
eliminada. Pelo contrário, tanto a considerava um benefício para o homem, que
Ele mesmo abraçou a via dolorosa e a escolheu também para sua Mãe. Nestes
milagres — como em incontáveis outros operados durante sua atuação pública —
Ele devolveu a saúde para deixar uma lição aos Apóstolos, aos circunstantes e
aos próprios enfermos: a luz está n’Ele, a vida está n’Ele, a solução da dor
provém d’Ele! Mais adiante, na iminência de ressuscitar Lázaro, Ele dirá: “Eu
sou a Ressurreição e a Vida!” (Jo 11, 25).
Mons João Clá Dias ( Texto extraído dos comentários ao Evangelho V domingo tempo comum - Revista Arautos do Evangelho fev 2015)
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