quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Onde encontrar o verdadeiro remédio para a dor?

 “O Senhor Deus é o amparo dos humildes” (Sl 146, 6). De fato, aos humildes, àqueles que praticam a temperança — virtude alheia aos orgulhosos — e se submetem à correção, à mortificação e à dor, cedo ou tarde Deus os haverá de atender e amparar.
Quando permitiu ao demônio atormentar Jó, Deus queria que aquele varão justo crescesse ainda mais na temperança e, portanto, na santidade, para, em seguida, cumulá-lo de méritos e outorgar-lhe em maior grau a participação na vida divina. Entendemos, então, quanto as tribulações que nos atingem são, no fundo, permitidas por Deus, em vista de uma razão superior.
Ele não pode promover o mal para a nossa alma, e assim age porque nos ama e deseja dar-nos muito mais do que já deu. E porque é bom, ao mesmo tempo que consente as adversidades, Ele nos conforta, como sublinham mais alguns versículos do Salmo Responsorial: “Louvai o Senhor Deus, porque Ele é bom, [...] Ele conforta os corações despedaçados, Ele enfaixa suas feridas e as cura” (Sl 146, 1.3).

Ao Se debruçar sobre a sogra de Pedro e fazer-lhe desaparecer a febre, ou ao sanar a multidão afligida por enfermidades e tormentos, Nosso Senhor não visava ensinar que a dor deva ser eliminada. Pelo contrário, tanto a considerava um benefício para o homem, que Ele mesmo abraçou a via dolorosa e a escolheu também para sua Mãe. Nestes milagres — como em incontáveis outros operados durante sua atuação pública — Ele devolveu a saúde para deixar uma lição aos Apóstolos, aos circunstantes e aos próprios enfermos: a luz está n’Ele, a vida está n’Ele, a solução da dor provém d’Ele! Mais adiante, na iminência de ressuscitar Lázaro, Ele dirá: “Eu sou a Ressurreição e a Vida!” (Jo 11, 25).
Mons João Clá Dias ( Texto extraído dos comentários ao Evangelho V domingo tempo comum - Revista Arautos do Evangelho fev 2015)