Com sabedoria afirma São João: “Se alguém que possua bens deste mundo vir o seu irmão em necessidade e lhe fechar seu coração, como estará nele o Amor de Deus?” (I Jo 3, 17). Não faz o Discípulo Amado senão eco aos ensinamentos do Mestre. Sim, dar esmola é um preceito, e não mero conselho, como encontramos clarissimamente exposto por Jesus, no Evangelho de São Mateus (25, 31-46). Ou seja, vai-se para o fogo eterno pelo fato de se negar o supérfluo a quem realmente necessite. Cada um de nós deve atender às próprias necessidades, assim como às daqueles que estão debaixo de nossa responsabilidade, segundo suas respectivas condições e categoria social. Feito isto, deverá ser retirado das sobras, para dar aos pobres.
Ora, se alguém padece extrema necessidade e não pode ser socorrido de nenhuma outra maneira, o ajudá-lo é um preceito obrigatório para nós. Em diferentes condições, a esmola deixa de ser preceito e tornas-e um conselho.
À primeira vista, pareceria ser a esmola corporal superior à espiritual. Antes de mais nada, porque o corpo tem necessidades mais prementes do que a alma. Por outro lado, ao pobre às vezes agrada mais o receber um auxílio material do que espiritual; e do próprio doador, com maior mérito para ele, parece exigir-se mais virtude na concessão de bens físicos.
Estes são precisamente os erros refutados por São Tomas de Aquino na Suma Teológica: “Agostinho, àquilo do Evangelho — Dá a quem te pede — diz: ‘Deves dar o que não prejudique nem a ti nem a outrem; e quando negares a quem te pede, deves revelar a justiça do teu ato, para não o despedires vazio; e às vezes darás melhor quando corrigires a quem te pede injustamente’. Ora, a correção é esmola espiritual, logo, as esmolas espirituais devem ser preferidas às corpóreas” (II-II, q 32, a 2).
Explica o Doutor Angélico que, absolutamente falando, “as esmolas espirituais têm preeminência por três razões. Primeiro, por ser mais nobre o seu dom, a saber, o espiritual que tem preeminência sobre o corpóreo (...). Segundo, por causa da natureza do ser ao qual socorremos, pois o espírito é mais nobre do que o corpo. Por onde, assim como devemos cuidar mais do nosso espírito do que do nosso corpo, o mesmo devemos fazer para com o próximo, a quem devemos amar como a nós mesmos. Terceiro, quanto aos atos mesmos pelos quais socorremos ao próximo, por serem os atos espirituais mais nobres que os corpóreos, os quais são, de certo modo, servis” (ibidem).
Portanto, oferecer a Verdade ou a Bondade é um preceito que também nos obriga, em face das almas desamparadas e prestes a entrarem na agonia espiritual por ausência do socorro da Palavra e do exemplo. Ora, ensina a Escolástica ser o Belo, o esplendor da Verdade, o esplendor da Bondade. Por isso, levar o Belo aos mais carentes é não só obra de misericórdia superior, mas até mesmo um preceito para todos os que possam fazê-lo.
Um comentário:
a esmola não resolve o problema,você da esmola para um mendigo hoje e amanhã ele vai estar de novo pedindo esmola,a esmola apenas ameniza os efeitos do problema,o problema é que ele não tem como conseguir o dinheiro através do trabalho,o que resolveria o problema seria arranjar um trabalho para o mendigo,eu não preciso ajudar o mendigo através de esmola,pois eu já faço isso através dos meus impostos,segundo a constituição todos tem o direito ao trabalho entre outros direitos sociais,eu já pago para o governo fornecer esses direitos a todos os cidadãos,não faz sentido eu dar esmola,pois eu estaria pagando duas vezes pela mesma coisa,se o mendigo não está tendo acesso ao direito dele ao trabalho,ele que tem que correr atrás dos direitos dele e não eu,eu já fiz a minha parte quando eu paguei os meus impostos
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