No Céu, em meio à felicidade suprema, aguardam todas as almas fiéis e amantes de Deus, o grande dia da Ressurreição, a fim de recuperarem seus corpos, dos quais a morte as separou como um dos trágicos efeitos do Pecado Original. O próprio Jesus quis passar por esse transe, a fim de realizar a Redenção através do sofrimento perfeito.
Maria Santíssima, por ser Co-redentora, teria experimentado as dores do falecimento? A esse respeito assim se expressou o nosso saudoso Papa, João Paulo II: “Esse final da vida que para todos os homens é a morte, no caso de Maria, a Tradição mais bem o chama de Dormição” (Homilia de 15/8/1979, em Castelgandolfo).
Morte ou Dormição, a Santíssima Virgem terá passado para a eternidade com santa sofreguidão, em busca de seu Divino Filho, pois ambos haviam vivido na mais perfeita harmonia e relacionamento familiar ao longo de trinta anos, nesta terra. Compreenderemos melhor a força da união estabelecida entre ambos, ao longo daquelas três décadas de vida oculta, quando a Providência nos fizer conhecer os mistérios da pequena — e quão grande! — história do dia-a-dia da Sagrada Família. Um único episódio nos permite fazer uma pálida idéia sobre o universo de amor havido entre Eles, inclusive com São José: a Perda e o Encontro. O entranhamento de mútua compreensão e benquerença era tal, que Maria ficou perplexa diante daquela atitude praticada por um Menino tão afetuoso, reto e submisso.
Sim, Eles três na intimidade se admiravam mutuamente, transcendendo os aspectos comuns e correntes da existência de todos os dias, à espera da plenitude perpétua da caridade. Nazaré, nas vinte e quatro horas, comportava o sono, trabalho e demais ocupações que conduziam a uma forçosa e ao mesmo tempo dolorosa separação. Acrescentemos os quinze anos de exílio nos quais viveu Nossa Senhora nesta terra, depois de ter visto seu Filho desaparecer entre as nuvens da Ascensão.
Foi a saudade desse convívio e o ardor de o reaver na totalidade de sua intensidade e perfeição, que levou Maria a subir ao Céu de corpo e alma.
“Com a Assunção da Virgem Maria começou a glorificação de toda a Igreja de Cristo, que terá seu cumprimento no dia final da História” (João Paulo II, Ângelus 21/8/1983), no qual todos os justos, de corpoe alma, viverão com a Sagrada Família no Céu.
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