segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Deus mais próximo dos homens


No supremo mirante da História — a eternidade —, muitas verdades desconhecidas na Terra serão entendidas, com maravilhamento, pelos Bem - aventurados, os quais não se cansarão de entoar loas por elas à Santíssima Trindade. Entretanto, várias outras continuarão ocultas, por serem de exclusivo domínio divino.
Dentre estas, talvez esteja algo que transcende nossa capacidade de compreensão: o gratuito e incomensurável amor de Deus pelas criaturas, sobretudo por aquelas que mais foram amadas e aquinhoadas, os Anjos e os homens. Quanto a estes, criados com alma racional, em estado de santidade e justiça, à imagem e semelhança divina, destinavam-se à mais elevada intimidade com Deus, participando inclusive da vida divina (CIC, n. 375). Mais não poderia o Criador fazer pela humanidade, pensaríamos nós. Entretanto, Ele, por assim dizer, superou-Se a Si mesmo.
Uma parcela dos Anjos revoltou-se e “não houve mais lugar para eles no Céu” (Ap 12, 8). E o primeiro homem, desejando ser como Deus, transgrediu a única proibição que lhe fora imposta. Em consequência, perdeu o estado de graça e foi expulso do Paraíso. Doravante, as portas do Céu lhe estavam fechadas. Privado do dom de integridade, estava sujeito a padecer dores, fome e morte. Sobretudo, não gozava mais daquela intimidade com Deus, o qual vinha às tardes passear com ele no Éden... Fracassava, assim, o projeto de amor do Altíssimo para a humanidade, de fazê-la partícipe de Sua vida e natureza.
Qual a resposta divina a essa imensa ingratidão?
Uma superação de amor. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Se faz homem, para resgatar o pecado de Adão e Eva. Nasce de uma Virgem, criatura perfeita que, por sua insuperável correspondência à graça, compensa o orgulho de Eva. E escolhe como pai adotivo um santo varão, José. Na Sagrada Família realiza-se o plano primeiro de amor de Deus, numa inimaginável intimidade entre Criador e criaturas.
De fato, dentro das quatro paredes da pequena casa de Nazaré, vivia-se numa atmosfera mais elevada que a do Éden, pois lá estavam presentes Deus feito homem e Maria Santíssima, o Paraíso do Novo Adão (cf. São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 18). Aí viveu Nosso Senhor trinta anos em sublime convívio com Nossa Senhora e São José, santificandoos. E com isso deu mais glória a Deus do que se tivesse, nesse período, percorrido a terra inteira, operando os maiores milagres (Idem, ibidem).
Sua dolorosa Paixão e Morte na Cruz constitui o ápice de Sua dedicação aos homens. Inacessível mistério de amor!
Tendo subido de volta ao Pai, deixou-nos a Santa Igreja Católica Apostólica Romana para, através dos Sacramentos, prolongar o convívio que teve com os homens na Terra, fazendo chegar a toda a humanidade os frutos do Seu Sangue redentor. Nesse sentido, cada graça concedida por Deus ao longo da história das almas visa, no fundo, incrementar ou reatar esse relacionamento, essa união, essa intimidade do Criador com a criatura.
E, como não poderia deixar de ser, Deus sempre vence. Vence na pessoa de cada justo que, ao cruzar os umbrais da eternidade, contemplando-O face a face, se une definitivamente a Ele, num divino amplexo, realizando o plano primeiro da criação.

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