A luz que emanou da
Gruta de Belém, na noite de Natal, não ficou circunscrita àquele exíguo espaço.
Ela se projetou na História, pelos séculos afora, e crescerá em esplendor até o
fim dos tempos, quando Cristo se manifestará em toda a sua glória.
Mas a luz
produz sombras que ressaltam a beleza de seu brilho. Também o Natal tem
sombras... A atitude de Herodes é uma delas. Ao ouvir a pergunta dos reis Magos
— “Onde está o rei dos judeus?” —, ele se perturbou e toda a Jerusalém com ele,
diz o Evangelho. “E reunindo todos os príncipes dos sacerdotes e escribas do
povo, perguntou-lhes onde devia nascer o Messias” (Mt 2, 4).
Quando Jesus
Menino deu os primeiros vagidos, suavemente embalado nos braços virginais de
Maria, já os acontecimentos se desenrolavam em função d’Ele. O eixo da História
se deslocava dos palácios dos grandes desta terra para aquela humilde Gruta.
Os
Céus se abriram e desceram legiões de anjos, cantando para festejar o
nascimento do Messias. Do Oriente vieram poderosos reis com seus grandes séquitos para O adorar. Simeão e Ana se alegraram ao ver Jesus Menino e
profetizaram a seu respeito. Herodes procurou matá-Lo... Diante de Jesus,
ninguém ficou indiferente. Mudou o eixo da História, e esta passou a girar em
torno daquele Menino, nascido da Virgem Maria. Tal realidade iria tornar-se
cada vez mais notória à medida que se expandisse a Igreja.
Qual homem, por mais
célebre que tenha sido, ocupa na História papel tão central?
Ao longo dos
séculos, os acontecimentos se sucederam, ruíram povos, impérios e nações.
Outros surgiram no seu lugar. Até o fim do mundo, quantas civilizações
desaparecerão ainda?
Em nossos dias, Jesus já é conhecido em toda a terra.
Podem os homens aceitá-Lo, rejeitá-Lo ou mesmo persegui-Lo; não, porém,
permanecer indiferentes diante d’Ele. As perseguições são, elas mesmas,
testemunho de sua incomensurável grandeza.
* * *
A própria seqüência do ciclo
litúrgico — que rememora ao longo do ano toda a vida de Nosso Senhor Jesus
Cristo, até sua Ascensão aos Céus — é uma forma de continuamente ressaltar, nas
celebrações eucarísticas de todas as igrejas da terra, essa posição única de
nosso Redentor no centro dos acontecimentos humanos.
E a cada novo ano, ao se
comemorar o Natal, não há quem não pare um instante e não sinta o apelo suave e
consolador do Deus-Menino, infundindo Paz e convidando a segui-Lo. Esse convite
será aceito ou recusado. Mas Cristo não deixou de constituir o centro da
existência de cada um de nós. E assim será de forma crescente, até o fim dos
tempos, quando Jesus se manifestar gloriosamente a toda a humanidade,
tornando-se de forma irrecusável e visível o centro, não mais da simples
História, mas de toda a eternidade.
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