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quarta-feira, 26 de abril de 2017

Comentários Mons João Clá Dias

A consagração a Nossa Senhora é um ponto auge de nossa vida espiritual.
Por isso é importante fazer uma muito boa preparação para a Consagração a Nossa Senhora. Essa consagração tem de ser um ato solene na vida da pessoa. É aconselhável até fazer um retiro, curto que seja, para preparar-se, pois é um ato muito sério.

Mons João Clá Dias

quarta-feira, 19 de abril de 2017

São Tomé

A incredulidade de Tomé foi mais proveitosa para nossa fé do que a fé dos discípulos que acreditaram, porque, decidindo aquele apalpar para crer, nossa alma se afirma na fé, descartando toda dúvida.
Mons João Clá Dias - O inédito sobre os Evangelhos vol I

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Segue-Me!

Fiéis à nossa reta consciência, com a proteção de Maria Santíssima, teremos a flexibilidade, a disponibilidade demonstrada por São Mateus em seguir logo Jesus quando também a nós Ele disser — como o faz tantas vezes — no fundo do coração: “Segue-Me!”. Cada um de nós foi preparado desde o Batismo, e convocado por Nosso Senhor desta forma irresistível, no sentido de abandonar a “coletoria de impostos”, levantar-se e ir atrás d’Ele. A via para a qual Ele nos convida é a da identidade e da união com Ele, lembrando-nos o mandamento evangélico: “sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5, 48). Não pode haver meio termo nesse seguimento; como a São Mateus, é-nos exigida a integridade, a dedicação plena, a entrega total, a perfeição extrema...

Admiremos e imitemos, pois, o luminoso exemplo de fé e de amor deste Evangelista que a tudo renunciou para atender, com espírito resoluto, o chamado divino, sem nos deixarmos vencer pelos atrativos terrenos. Num mundo que voltou as costas a Deus, abandonemos por inteiro as ilusórias delícias do pecado e entreguemo-nos decidida e incondicionalmente a Jesus, pelas mãos de Maria.
Mons João Clá Dias - Texto extraído do O Inédito sobre os Evangelhos - vol II

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

O valor de uma comunhão


Se um homem passasse numa gruta a vida inteira, sozinho, rezando e fazendo penitência, não adquiriria tanto mérito quanto aquele que se adquire em uma só comunhão. Este é o valor de uma comunhão.
Plinio Corrêa de Oliveira

domingo, 8 de janeiro de 2017

Virtude da fé

Explica-nos a doutrina católica que se Nosso Senhor Jesus Cristo viesse ao mundo revestido de esplendor e de glória, já ao nascer ficaria patente sua divindade e, dessa forma, nossa fé perderia o mérito, porque não se trataria de crer, mas sim de constatar uma realidade perante a imposição de fatos impossíveis de objetar. A adesão a Jesus Cristo não proviria da fé, mas da mera inteligência. Que mérito há, por exemplo, em acreditar na existência do Sol se o vemos todos os dias e experimentamos fisicamente seus efeitos?
Mons João Clá Dias - Comentários ao Evangelho Festa do Batismo do Senhor  

domingo, 4 de dezembro de 2016

Frase Mons João Clá Dias

Mais vale estarmos preocupados em fazer a vontade do Pai e nos voltarmos para a Eternidade, do que aflitos em coisas materiais e em tudo o que passa.

Mons João Clá Dias - 24/07/2007

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

O olhar de Nossa Senhora

Nós devemos olhar para o Sapiencial e Imaculado Coração de Maria, que se mostra tão afetuoso, tão maternal, tão acolhedor,  fitar os olhos desta imagem. É pura imagem, uma representação, ela procura lembrar algo de Nossa Senhora. O que deve ser o olhar de Nossa Senhora, o olhar de Maria! Daria para purificar todos os pântanos do mundo, daria para purificar todas as almas que se encontram encharcadas de pecado! Contemplemos esse olhar de Maria, e pensemos na lição que o Menino Jesus nos dá no Presépio. Pensemos o quanto o Menino Jesus sofreu frio, sede, calor, fome, sofreu necessidades de toda a ordem. Ele não sabe falar, Ele geme, chora e isto tudo para me ensinar o quê? Ensinar a sofrer, ensinar a amar as contingências da vida, ensinar a me contentar com aquilo que eu tenho, e não ter uma ambição desordenada que me leva ao delírio, ao pecado, ao orgulho, à inveja, à calúnia, à maledicência e à impureza.
Aí está essa imagem que nos olha, que nos fita. Ela como que nos convoca também a sermos tão puros quanto Ela, a sermos tão dispostos ao sofrimento quanto Ela,  quanto São José e, sobretudo, quanto o Menino Jesus.
Mons João Clá Dias - Extraído da Meditação na Catedral da Sé 05/02/2005 adaptada à linguagem escrita, publicada sem conhecimento e/ou revisão do autor

domingo, 27 de novembro de 2016

Abraçar a cruz

Peçamos a graça de nunca fugir da cruz. Por mais que nossa natureza trema, nós devemos pedir forças. Nosso Senhor nos deu o exemplo, veio um anjo do céu para confortá-lo e Ele, nesse conforto, tocou adiante até o último suspiro. Sigamos nós o mesmo exemplo, não voltemos atrás em relação à cruz e saibamos abraçá-la, pô-la no ombro, carregá-la, deixar-nos crucificar e morrer. Consentindo, assim, que nossa alma se liberte e, purificados pelo sofrimento, poderemos ver Deus face a face na eternidade.

Mons João Clá Dias – Extraído de conferência 21/04/2000 - sem revisão do autor

sábado, 19 de novembro de 2016

Frases Mons João Clá Dias


A pessoa pode ter todos os livros de uma biblioteca sobre os carismas e a vida religiosa, mas se não conhece o fundador, não conhecerá nada sobre o próprio carisma.

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Admiração

Sejamos nós ricos, sejamos nós pobres, o que nos importa é ter admiração; este senso de contemplar os dons de Deus dados aos outros. 
Portanto, o problema não está entre pobre e rico, rico e pobre. O problema está na natureza humana. É feliz quem é pobre e admira os outros. É infeliz quem é rico e inveja os outros. Esse é o grande mal da nossa sociedade. Fala-se em miséria, fala-se em injustiça social. E, andando por este mundo, nós de fato encontramos isso. Mas a causa principal de tudo isso está na inveja, na falta de admiração. Todos os que são mais do que nós merecem nossa admiração, nós temos obrigação de admirar quem é mais.
Nós somos chamados a colocar nossa felicidade no Menino Jesus, em Maria, em São José , no sobrenatural, na eternidade.  
Para isso, nós Vos pedimos, Ó Mãe Santíssima, esta graça insigne: de sermos almas admirativas.

Mons João Clá Dias – extraído meditação 04/01/2003

sexta-feira, 9 de setembro de 2016

Remédio para as aflições

Basta que peçamos com confiança, fé, constância e humildade que obtemos. Tenham essa confiança sempre, que, aí sim, encontrarão o remédio para todas as aflições, para todos os dramas, para todos os problemas da vida.
Mons João Clá Dias

domingo, 21 de agosto de 2016

Praticar a humildade

Um modo muito eficaz e pouco ensinado de combater o amor-próprio consiste em admirar aquilo por onde os outros são superiores a nós, reconhecendo nessas qualidades reflexos das perfeições divinas. Sendo todo homem superior aos demais sob determinado ângulo, único e personalíssimo, procurar admirar essas qualidades dos outros é um dos melhores e mais eficientes meios de combater o amor desregrado a si mesmo e à vanglória.

Quem assim agir, praticará de maneira excelente a virtude da humildade e, ao mesmo tempo, o Primeiro Mandamento da Lei de Deus, pois o amor a todas as superioridades está no cerne da prática da virtude da caridade. Por isso, quem quiser ser manso de coração, admire as qualidades dos outros; quem quiser ser desapegado, admire a generosidade dos outros; quem quiser ser santo, admire a virtude dos outros. Enfim, admiremos tudo quanto é admirável e teremos já a recompensa da paz de alma nesta terra, e a bem-aventurança eterna no Céu! 
Mons João Clá Dias

domingo, 10 de janeiro de 2016

Santidade

Certos da bondade de Nosso Senhor Jesus Cristo, roguemos a Ele que nos dê forças para vencer as dificuldades, pois o caminho do Céu não é fácil. Compenetremo-nos de que a cada passo nos cabe procurar ser mais perfeitos e conformar nossas almas com a d’Ele, pelo princípio inerrante de que ou progredimos ou nos tornamos tíbios. Na vida espiritual nunca estamos estagnados: quem não avança, retrocede!

Peçamos, pois, a graça de deixar tudo para abraçar a via da santidade, seja ela em família ou numa vocação religiosa, com coragem e cheios de confiança! 
( Mons João Clá Dias)

domingo, 17 de maio de 2015

Pentecostes


Pouco antes da Paixão, quando preparava seus discípulos para os acontecimentos vindouros, Jesus lhes disse que haveria de deixá-los e ir para o Pai: “ Agora vou para Aquele que Me enviou”, uma referência não à sua morte, mas à Ascensão. Diante da reação consternada de seus ouvintes, Ele quis consolá-los e dar a explicação de sua partida: “Convém a vós que Eu vá! Porque, se Eu não for, o Paráclito não virá a vós; mas se Eu for, vo-Lo enviarei” (Jo 16, 5 e 7).
Na história da salvação, após as intervenções do Pai e do Filho, chegara o momento de o Espírito Consolador derramar-Se sobre os fiéis, para fortalecê-los na Fé e abrasar-lhes a alma. Iguais em tudo e por tudo e formando um só Deus — um Mistério da Fé, fora do alcance da razão humana —, cada Pessoa divina manifesta um atributo próprio: o Pai, “do qual são todas as coisas”, o Filho, “mediante o qual são todas as coisas”, e o Espírito Santo, “em Quem são todas as coisas” (Catecismo da Igreja Católica, nº 258).
O Paráclito é o Espírito de toda a graça, como rezamos na Ladainha com a qual O louvamos. Abundantes graças eram indispensáveis para os Apóstolos conquistarem as almas, e Ele as concederia: a prática da perfeição, a luz da inteligência, a inspiração dos profetas, a pureza das virgens.
Em Pentecostes, Ele chegou com um ribombo, adentrando os corações. A transformação dos Apóstolos foi imediata, radical e eficaz. Apresentaram-se destemidamente em público e, pela voz do primeiro Papa, tocaram o mais profundo dos ouvintes: só naquele dia, cerca de três mil pessoas foram convertidas e batizadas. Por tal razão, o dia de Pentecostes é muitas vezes considerado a data na qual nasceu a Igreja.
Santificador e guia da Igreja Católica — continua a Ladainha. A santa Igreja de Deus não é somente imortal; ela é também santa por ser vivificada pelo Espírito Santo. Por mais que falhas humanas possam nela ocorrer, em nada poderão diminuir essa santidade. Pela mesma razão, é a Igreja que santifica, por meio dos Sacramentos, todos aqueles que dignamente os recebem.

O Paráclito faz brilhar a verdade aos nossos olhos, concede-nos a sabedoria, comunica-nos um santo temor, dá-nos o dom das virtudes, traz-nos a verdadeira paz. Estes cinco títulos da Ladainha do Espírito Santo não parecem referir-se àquilo de que o nosso mundo mais carece? Se Diógenes percorresse hoje a Terra com sua lâmpada, teria de andar muito antes de encontrar verdade, sabedoria, temor de Deus, virtudes e paz. Mas isso não é razão para desânimo. Quando os discípulos do Senhor saíram dos limites da Terra Santa para difundir o Evangelho, pregaram valores opostos aos costumes de seu tempo, mas venceram. Dos apóstolos de nossos dias, o que o Divino Espírito Santo espera é simplesmente a mesma confiança filial, oração perseverante e disponibilidade. Ele, que é a palavra e sabedoria dos Apóstolos, falará por sua boca e nada Lhe resistirá. 

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

Deus mais próximo dos homens


No supremo mirante da História — a eternidade —, muitas verdades desconhecidas na Terra serão entendidas, com maravilhamento, pelos Bem - aventurados, os quais não se cansarão de entoar loas por elas à Santíssima Trindade. Entretanto, várias outras continuarão ocultas, por serem de exclusivo domínio divino.
Dentre estas, talvez esteja algo que transcende nossa capacidade de compreensão: o gratuito e incomensurável amor de Deus pelas criaturas, sobretudo por aquelas que mais foram amadas e aquinhoadas, os Anjos e os homens. Quanto a estes, criados com alma racional, em estado de santidade e justiça, à imagem e semelhança divina, destinavam-se à mais elevada intimidade com Deus, participando inclusive da vida divina (CIC, n. 375). Mais não poderia o Criador fazer pela humanidade, pensaríamos nós. Entretanto, Ele, por assim dizer, superou-Se a Si mesmo.
Uma parcela dos Anjos revoltou-se e “não houve mais lugar para eles no Céu” (Ap 12, 8). E o primeiro homem, desejando ser como Deus, transgrediu a única proibição que lhe fora imposta. Em consequência, perdeu o estado de graça e foi expulso do Paraíso. Doravante, as portas do Céu lhe estavam fechadas. Privado do dom de integridade, estava sujeito a padecer dores, fome e morte. Sobretudo, não gozava mais daquela intimidade com Deus, o qual vinha às tardes passear com ele no Éden... Fracassava, assim, o projeto de amor do Altíssimo para a humanidade, de fazê-la partícipe de Sua vida e natureza.
Qual a resposta divina a essa imensa ingratidão?
Uma superação de amor. A Segunda Pessoa da Santíssima Trindade Se faz homem, para resgatar o pecado de Adão e Eva. Nasce de uma Virgem, criatura perfeita que, por sua insuperável correspondência à graça, compensa o orgulho de Eva. E escolhe como pai adotivo um santo varão, José. Na Sagrada Família realiza-se o plano primeiro de amor de Deus, numa inimaginável intimidade entre Criador e criaturas.
De fato, dentro das quatro paredes da pequena casa de Nazaré, vivia-se numa atmosfera mais elevada que a do Éden, pois lá estavam presentes Deus feito homem e Maria Santíssima, o Paraíso do Novo Adão (cf. São Luís Maria Grignion de Montfort, Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, n. 18). Aí viveu Nosso Senhor trinta anos em sublime convívio com Nossa Senhora e São José, santificandoos. E com isso deu mais glória a Deus do que se tivesse, nesse período, percorrido a terra inteira, operando os maiores milagres (Idem, ibidem).
Sua dolorosa Paixão e Morte na Cruz constitui o ápice de Sua dedicação aos homens. Inacessível mistério de amor!
Tendo subido de volta ao Pai, deixou-nos a Santa Igreja Católica Apostólica Romana para, através dos Sacramentos, prolongar o convívio que teve com os homens na Terra, fazendo chegar a toda a humanidade os frutos do Seu Sangue redentor. Nesse sentido, cada graça concedida por Deus ao longo da história das almas visa, no fundo, incrementar ou reatar esse relacionamento, essa união, essa intimidade do Criador com a criatura.
E, como não poderia deixar de ser, Deus sempre vence. Vence na pessoa de cada justo que, ao cruzar os umbrais da eternidade, contemplando-O face a face, se une definitivamente a Ele, num divino amplexo, realizando o plano primeiro da criação.

sábado, 31 de março de 2012

A caridade é o pleno cumprimento da Lei


Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas!”

Sete vezes invectiva Jesus a perfídia dos fariseus, com palavras severas e contundentes, no capítulo 23 de São Mateus, contrastando com sua habitual bondade e mansidão para com os publicanos, os pecadores arrependidos e os pequeninos.

A que se deve tão surpreendente atitude de Quem, no alto da Cruz, perdoou aos que O matavam e a um dos ladrões que com Ele morria? À falta de caridade para com o próximo e ao fato de quererem eles, escribas e fariseus, fazer consistir a religião no cumprimento de ritos externos, esquecendo o mais importante, ou seja, o amor a Deus e o amor ao próximo por amor de Deus: “Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas, porque pagais o dízimo da hortelã, do funcho e do cominho e desprezais o mais importante da Lei: a justiça, a misericórdia, a fidelidade” (Mt 23, 23).

Esse desprezo de tal forma distorcia a essência da Lei que chegava até ao absurdo. Em certa ocasião, num sábado, os fariseus reunidos na sinagoga perguntaram a Jesus: “Será permitido curar no dia de sábado?” (Mt 12, 10). Respondeu Ele: “É lícito praticar o bem no dia de sábado” (Mt 12, 12). E logo em seguida curou um homem que tinha a mão ressequida. Em vez de tal milagre suscitar admiração, causou a reação contrária, por acharem ter sido violado o sábado, no qual era proibido trabalhar: “Os fariseus, saindo, reuniram-se em conselho contra Ele, para matá-Lo” (Mt 12, 14), não se perturbando sua consciência com essa atitude, a qual infringia abertamente o quinto Mandamento, que proíbe matar.

Essa cegueira de alma tão difundida entre os fariseus, e que causa tanto horror, se devia a não terem eles verdadeiro amor de Deus e não cumprirem com retidão de alma o primeiro Mandamento da Lei. Por isso, não eram capazes de ver no próximo a “imagem e semelhança” de Deus (Gn 1, 26).

Foi preciso que o Filho de Deus Se encarnasse e morresse na Cruz, fazendo nascer de seu Lado transpassado por uma lança a Santa Igreja, para que os homens, com auxílio da graça divina, pudessem praticar verdadeiramente a caridade.

Mas o risco de sobrevalorizar as exterioridades não é exclusividade dos fariseus, o que leva São Paulo a advertir com veemência os cristãos de seu tempo: “Ainda que distribua todos os meus bens em esmolas, e entregue o meu corpo a fim de ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita” (1 Cor 13, 3). Pois até mesmo no exercício da caridade para com o próximo, pode faltar a caridade para com Deus, tornando estéreis em méritos as melhores ações. Ao praticar essa virtude, na qual se resume toda a Lei, tenhamos sempre gravadas a fogo no coração o Mandamento Novo: “Que vos ameis uns aos outros, como Eu vos amei” (Jo 15, 12).

sexta-feira, 23 de março de 2012

O patriarca dos dois testamentos

Se os homens pudessem ver a Deus como Ele é, em todo o seu esplendor, a vida não seria uma prova, nem seria necessária a virtude da fé, pois ela nos é dada a fim de podermos acreditar naquilo que não vemos. Para crer que um Deus Se fez homem como nós, talvez tenha sido necessário um ato de fé maior, por parte de quem conheceu Nosso Senhor Jesus Cristo em sua vida terrena, do que de quem, dois mil anos depois de sua Ascensão, nasceu e foi educado no seio da Igreja Católica.
Os Apóstolos, por exemplo, conviveram durante três anos com o Messias, no dia a- dia, caminhando a seu lado nas viagens apostólicas, observando suas reações humanas, como o cansaço o sono, a fome, a sede, a tristeza ou a alegria. Esses aspectos humanos de Jesus causavam-lhes dificuldade não pequena de ver n’Ele o Unigênito de Deus.
Tornou-se célebre o inquérito feito por Jesus aos seus mais próximos, durante uma viagem a Cesaréia: “No dizer do povo, quem é o Filho do Homem?” Nessa ocasião pôde-se comprovar quanto as pessoas em geral, e os próprios Apóstolos, viam n’Ele os aspectos humanos, e não a divindade. Só Pedro — e por revelação do Pai — foi capaz de afirmar; “O Filho de Deus”. E foi nesse binômio entre fé e revelação que Jesus instituiu o Papado: “Tu és Pedro, e sobre esta Pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16, 18).
Mas esse acontecimento verdadeiramente grandioso se passou, talvez, à beira do caminho, à sombra de alguma árvore frondosa, enquanto descansavam um pouco, recuperando as forças para prosseguir viagem.
Quem presenciasse tal cena e não tivesse muita fé poderia conjeturar que ali estava nascendo uma instituição destinada a atravessar a História até o fim dos tempos? Impossível. Sem a graça de Deus, quem conheceu Jesus em Nazaré, levando a vida de um artesão, não seria capaz de ver n’Ele senão o filho do carpinteiro.
* * *
Através desse prisma, torna-se mais fácil compreender um dos grandes méritos de São José: crer, desde o primeiro momento, apesar das aparências humanas, que seu filho era o Messias, o Filho de Deus.
Essa fé lhe mereceu a mais alta dignidade à qual algum homem possa aspirar. Ser esposo de Maria, a Mãe de Deus, e pai, por direito, do Filho de Deus! Algum potentado teve tanto poder, a ponto de dar ordens a Deus? E algum rei teve corte tão faustosa que superasse a glória de conviver com pessoas de tão alta condição como Jesus e Maria?
No entanto, José, apesar de ser descendente de David e exercer o pátrio poder sobre o Filho de Deus, viveu toda a sua existência como um honesto carpinteiro. Talvez, até, um pouco desprezado por seus conterrâneos, por não ter ganância e se recusar a auferir lucros desproporcionados a seu trabalho, como o fariam outros. Tudo, nele, era aparentemente comum. Porém, sua fé em Jesus lhe conferia uma estatura superior à do próprio Abraão, e nele vemos realizar-se a figura do maior patriarca do Antigo Testamento, como também da Santa Igreja, que nasceria do Sagrado Costado de Cristo.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

A restituição

“Os céus publicam a glória de Deus, e o firmamento anuncia a obra das suas mãos”, canta o Rei Davi no Salmo 18, resumindo numa frase a restituição dos seres minerais a Deus, por terem sido objeto de seu dom criador. São inanimados, mas se vida possuíssem, cantariam eternamente essa grande dadivosidade divina a fim de fazer-Lhe retornar em louvor os bens recebidos. E continua o Salmista: “Um dia transmite esta mensagem ao outro dia, e uma noite comunica-a à outra noite. Não é uma palavra nem uma linguagem, cuja voz não possa perceber-se: o seu som estende-se por toda a terra e as suas palavras até as extremidades do mundo” (Sl 18, 3-5).
Até os pagãos chegaram a reconhecer essa soit-disant manifestação do universo sideral que tão claramente transparece nas considerações de Platão quando afirma deslocarem-se os astros, emitindo cada qual sua melodia, constituindo em seu conjunto a grande sinfonia do universo. Sim, de fato, Deus onipotente, ao criar, só poderia tê-lo feito para sua própria glória. Essa é a causa final da obra dos seis dias, surgida ad extra da Trindade Santa.
Pelo simples fato de existirem, os seres minerais ou inanimados rendem a Deus uma glória material, mas aos inteligentes — anjos e homens — cabe contemplar os reflexos d’Ele esparsos por esse incomensurável horizonte e, no mais perfeito dos movimentos, segundo São Tomás, fazer retornar à Causa Eficiente, ou seja, ao próprio Deus, o seu efeito. É o que se denomina a glória formal ou extrínseca. Têm anjos e homens o dever moral de restituir a Deus, em ação de graças, toda a maravilhosa obra da criação, reconhecendo-Lhe a autoria, sob o risco, ao não fazê-lo, de cair, por castigo, nos piores horrores morais, conforme afirma São Paulo em sua epístola aos Romanos (Rom 1, 18-32).
É justamente nessa perspectiva que se encontra a grande trama da história dos anjos e homens em estado de prova. A primeira grande batalha deu-se no céu entre São Miguel e os anjos bons de um lado, e Satanás e seus sequazes de outro, e o cerne da dissensão não foi senão esse. Ao Non serviam correspondeu o magnífico Quis ut Deus. A apropriação foi, assim, eternamente derrotada pela restituição. É esse também o cerne da bênção de Deus aos povos, às nações, às famílias e aos indivíduos e até mesmo às eras históricas. Os céus se tornam dadivosos em relação àqueles que sabem proclamar as belezas e bondade das criaturas, amorosamente considerando o Ser substancial que as fez surgir do nada.
A gratidão é a mais frágil das virtudes, segundo se costuma afirmar. E realmente é o que se nota com tanta freqüência no relacionamento humano. Mais ainda, quanto as guerras, os crimes, os desentendimentos, etc., não têm em sua raiz um não-reconhecimento dos valores alheios? Sim, como a história angélica, também a humana se concentra nesses dois pólos: o da restituição e o da apropriação. Aí está o destino do processo humano, e do próprio terceiro milênio.
Não é difícil prognosticar o nosso amanhã: se hoje restituímos a Deus o que é de Deus, será de bênção, paz e alegria; se for de apropriação, o castigo, a guerra e a frustração constituirão a paga em seu entardecer.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

O tempo em que fomos visitados

 “Se tu também compreendesses hoje o que te pode trazer a paz! Agora, porém, isso está  escondido aos teus olhos!” (Lc 19, 42). Jesus pronunciou essas palavras, entre comovedores soluços, enquanto suas divinas lágrimas Lhe escorriam pela face, infiltrando-se pelas barbas adentro.
Uma das mais emocionantes passagens do Evangelho. Sendo Deus, o Cristo é também homem com todos os sentimentos próprios à nossa natureza, se bem que totalmente isento do pecado. Seu Coração possui uma sensibilidade perfeita e acabada, e, com um insuperável instinto de sociabilidade, transbordava dos melhores anseios de fazer bem a todos e a cada um. Aquele era o seu povo e ali estava a cidade da “beleza perfeita, alegria do universo” (Lm 2, 15). Nela se encontrava o Templo no qual Ele havia sido oferecido ao Pai por Simeão, e resgatado por Maria e José. Por suas paredes e colunas ainda ecoavam seus ensinamentos de
Mestre e Profeta. Ruas, vielas, casas e praças, todos os edifícios haviam sido acariciados pelas luzes da presença do Salvador, embelezados por seus incontáveis olhares e vivificados pelas suas palavras de plena sabedoria. Seu Coração necessitava de reciprocidade, era indispensável que Jerusalém aceitasse a paz oferecida com tanta exuberância.
Nessa hora de tristeza o Redentor recordaria sua Encarnação, seu nascimento na Gruta em Belém, seu empenho enquanto Deus, desde toda a eternidade, de oferecer a paz aos seus, mesclado agora com os anseios de seu humano e Sagrado Coração.
Jesus talvez já houvesse chorado em sua tenra infância, na manjedoura onde seu delicado corpo repousava; e, como já conhecia todo o seu futuro, via com antecedência, nessa ocasião, o pranto sobre Jerusalém. Feria-O também, e muito, o considerar os trágicos efeitos dessa recusa: “Dias virão em que os inimigos farão trincheiras contra ti e te cercarão de todos os lados. Eles esmagarão a ti e a teus filhos. E não deixarão em ti pedra sobre pedra, porque não conheceste o tempo em que foste visitada” (Lc 19, 43-44).
Mas essa é a paz oferecida a toda e qualquer cidade ao longo da História, até o fim do mundo. Jesus, em nenhum momento, deixa de oferecê-la a cada um de nós, aos povos e às nações. Em meio às crises múltiplas, universais e crescentes, o Menino Deus estará no Presépio convidando-nos a abraçar a verdadeira paz. Ali — não em lágrimas, mas sorridente — de braços abertos acolherá nossas súplicas e nos concederá a paz, não como no-la oferece o mundo. Dispõe-se a saciar-nos de nossa sede de infinito, aquietando nossas paixões na temperança do amor à virtude e à santidade.
Saibamos nós, nossas cidades e nações aproveitar essa tão excelente ocasião para resolver todas as crises de nossos dias, amando e vivendo essa tranquilidade de alma e de circunstâncias entregue a nós na Noite de Natal. E assim reconheceremos “o tempo em que fomos visitados”.

sábado, 5 de novembro de 2011

Jesus fez infinitamente mais do que escrever

Jesus percorreu as cidades e aldeias pregando a Boa Nova, andou sobre as águas, transformou água em vinho, multiplicou pães e peixes, curou leprosos, restituiu a voz aos mudos, fez os surdos ouvirem, ressuscitou mortos... Entretanto, não escreveu sequer um bilhete, menos ainda um rolo de revelações.
Não Lhe custaria multiplicar as cópias das Escrituras já existentes. Poderia também mandar os Discípulos escreverem de imediato suas doutrinas em rolos de papiro e multiplicá-los — superando mesmo, se assim desejasse, a produção de todas as impressoras fabricadas desde Gutenberg até nossos dias — para serem distribuídos às multidões.
Entretanto, Ele nada escreveu, nem multiplicou qualquer pergaminho, mesmo dos que leu tantas vezes nas sinagogas. Também não deixou instrução alguma quanto à redação ou utilização de textos relativos à sua vida.
Que fez Ele? Infinitamente mais do que tudo isso: na Última Ceia, instituiu a Sagrada Eucaristia, pala qual permanece conosco com seu Corpo, Sangue, Alma e Divindade.
E deixou-nos uma imagem viva de Si mesmo: a Igreja
Além disso, sabendo quanto os símbolos vivos são necessários ao homem para lhe dar o conhecimento de Deus, deixou-nos a Santa Igreja Católica, na qual sua fisionomia divina se reflete como num espelho. No ápice da Igreja, o Papa, o Doce Cristo na terra, a sucessão apostólica. Fez questão de nos dar também almas santas, como o Santo Cura d’Ars, do qual disse um advogado parisiense: “Vi Deus num homem”. Ao longo da História, afirma São Roberto Belarmino, sempre existiram e continuarão a existir almas confirmadas em graça, imagens de Deus, para manter visível a santidade da Igreja.
Por fim, como o homem precisa valer-se dos sentidos para ter uma idéia mais próxima de quem é Deus, colocou Ele à nossa disposição esse meio poderoso de melhor o conhecermos e servirmos, que se chama Arte, nas suas ricas e variadas manifestações: Escultura, Pintura, Música, Teatro, Arquitetura, etc.