Pouco antes da
Paixão, quando preparava seus discípulos para os acontecimentos vindouros,
Jesus lhes disse que haveria de deixá-los e ir para o Pai: “ Agora vou para
Aquele que Me enviou”, uma referência não à sua morte, mas à Ascensão. Diante
da reação consternada de seus ouvintes, Ele quis consolá-los e dar a explicação
de sua partida: “Convém a vós que Eu vá! Porque, se Eu não for, o Paráclito não
virá a vós; mas se Eu for, vo-Lo enviarei” (Jo 16, 5 e 7).
Na história da
salvação, após as intervenções do Pai e do Filho, chegara o momento de o
Espírito Consolador derramar-Se sobre os fiéis, para fortalecê-los na Fé e
abrasar-lhes a alma. Iguais em tudo e por tudo e formando um só Deus — um
Mistério da Fé, fora do alcance da razão humana —, cada Pessoa divina manifesta
um atributo próprio: o Pai, “do qual são todas as coisas”, o Filho, “mediante o
qual são todas as coisas”, e o Espírito Santo, “em Quem são todas as coisas”
(Catecismo da Igreja Católica, nº 258).
O Paráclito é o
Espírito de toda a graça, como rezamos na Ladainha com a qual O louvamos.
Abundantes graças eram indispensáveis para os Apóstolos conquistarem as almas,
e Ele as concederia: a prática da perfeição, a luz da inteligência, a
inspiração dos profetas, a pureza das virgens.
Em Pentecostes, Ele
chegou com um ribombo, adentrando os corações. A transformação dos Apóstolos
foi imediata, radical e eficaz. Apresentaram-se destemidamente em público e,
pela voz do primeiro Papa, tocaram o mais profundo dos ouvintes: só naquele
dia, cerca de três mil pessoas foram convertidas e batizadas. Por tal razão, o
dia de Pentecostes é muitas vezes considerado a data na qual nasceu a Igreja.
Santificador e guia
da Igreja Católica — continua a Ladainha. A santa Igreja de Deus não é somente
imortal; ela é também santa por ser vivificada pelo Espírito Santo. Por mais
que falhas humanas possam nela ocorrer, em nada poderão diminuir essa
santidade. Pela mesma razão, é a Igreja que santifica, por meio dos
Sacramentos, todos aqueles que dignamente os recebem.
O Paráclito faz
brilhar a verdade aos nossos olhos, concede-nos a sabedoria, comunica-nos um
santo temor, dá-nos o dom das virtudes, traz-nos a verdadeira paz. Estes cinco
títulos da Ladainha do Espírito Santo não parecem referir-se àquilo de que o
nosso mundo mais carece? Se Diógenes percorresse hoje a Terra com sua lâmpada,
teria de andar muito antes de encontrar verdade, sabedoria, temor de Deus,
virtudes e paz. Mas isso não é razão para desânimo. Quando os discípulos do
Senhor saíram dos limites da Terra Santa para difundir o Evangelho, pregaram
valores opostos aos costumes de seu tempo, mas venceram. Dos apóstolos de
nossos dias, o que o Divino Espírito Santo espera é simplesmente a mesma confiança
filial, oração perseverante e disponibilidade. Ele, que é a palavra e sabedoria
dos Apóstolos, falará por sua boca e nada Lhe resistirá.
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