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sexta-feira, 19 de maio de 2017

Frase Mons João Clá Dias

Somos sempre ouvidos ao pedirmos o que é da vontade de Deus.

Mons. João Clá 10/01/2009

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2017

Tempo da Quaresma

Saibamos aproveitar este Tempo da Quaresma para crescermos na humildade e tomarmos consciência clara da nossa limitação, uma vez que "o homem não pode receber coisa alguma, se não lhe for dada do Céu" (Jo 3, 27).

Mons João Clá Dias - O inédito sobre os Evangelhos vol VII

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a Terra

A mansidão elogiada por Cristo consiste, sobretudo, em ser o homem constantemente senhor de si mesmo, controlando as próprias emoções e impulsos. Ela lhe impede de murmurar contra  as adversidades permitidas por Deus e o leva a não se irritar com os defeitos dos irmãos, procurando, pelo contrário, desfazer os desentendimentos e desculpar com generosidade as ofensas recebidas.

Mons João Clá dias – O Inédito sobre os Evangelhos

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

INVEJA E AMBIÇÃO, VÍCIOS UNIVERSAIS


A ambição é uma paixão tão universal quanto o é a vida humana. Quase se poderia dizer que ela se instala na alma antes mesmo do uso da razão, sendo facilmente discernível no modo de a criança agarrar seu brinquedo ou na ânsia de ser protegida. Ao tomar consciência de si e das coisas, os impulsos primeiros de seu ser convidá-la-ão a chamar a atenção sobre sua pessoa e, se ela cede, ter-se-á iniciado o processo da ambição. O desejo de ser conhecida e estimada é a primeira paixão que macula a inocência batismal. Quantos de nós não nos lançamos nos abismos da ambição, da inveja e da cobiça já nos primeiros anos de nossa infância? Essas provavelmente foram as raízes dos ressentimentos que tenhamos tido a propósito da glória dos outros. Sim, pelo fato de desejarmos a estima de todos, por nos crermos no direito à glória e ao louvor dos nossos circunstantes, constitui para nós uma ofensa o sucesso dos outros. Por isso São Tomás define a inveja como sendo "a tristeza do bem alheio enquanto se considera como mal próprio, porque diminui a própria glória ou excelência" (1).
Há paixões que se mantêm letárgicas até a adolescência, assim não o é a inveja; ela se manifesta já na infância e acompanha o homem até a hora de sua morte. Não será difícil aos pais observar os sinais desse vício, em seus pequenos. Irmãos ou irmãs, entre si, não poucas vezes terão problemas por se imaginarem eclipsados pelas qualidades ou privilégios de seus mais próximos. Quantas vezes não acontece de ser necessário separar-se irmãos, ou irmãs, na tentativa de corrigir essas rivalidades que podem chegar a extremos inimagináveis, tal qual se deu entre os primeiros filhos de Eva, Caim e Abel?
A ambição e a inveja são mais universais do que parece à primeira vista; poucos se vêem livres de suas garras. Elas se levantam e tomam corpo em relação aos que nos são mais próximos, como afirma São Tomás: "A inveja é do bem alheio enquanto diminui o nosso. Portanto, somente se suscita a respeito daqueles que se quer igualar ou superar. Isto não sucede em pessoas que diferem muito de nós em tempo, espaço e lugar, senão nas que nos estão próximas" (2).

Assim, ao sábio será mais difícil invejar o general, e vice- versa, ou, uma médica a uma costureira; mas dentro da mesma profissão, quanto mais relacionadas forem as pessoas entre si, mais intensa se manifestará essa paixão.
1) SÃO TOMÁS DE AQUINO, op. cit., II-II, q.36, a.1.
2) Idem, ad 2.
Mons João Clá Dias - Texto extraído do "O inédito sobre os Evangelhos" vol II

sábado, 17 de dezembro de 2016

Preparação para o nascimento de Jesus


Na perspectiva da comemoração da chegada do Menino Jesus na noite de Natal, as graças já começam a se fazer sentir, enchendo de alegria os nossos corações. Estas graças, distribuídas no mundo inteiro em torno do altar, quando Ele vem até nós todos os dias na Eucaristia, tornam-se mais intensas nesta grande Solenidade na qual celebramos, litúrgica e misticamente, o Verbo que se fez carne entre nós, jubiloso acontecimento que nos é anunciado pelo cântico dos Anjos.
Devemos, portanto, arder do desejo de que o Divino Infante venha não apenas ao Presépio da Gruta de Belém, mas ao nosso interior para aí estabelecer sua morada, e que Ele também possa nascer, o quanto antes e de maneira eficaz, no fundo da alma de cada um dos habitantes da Terra, realizando o que Ele próprio nos ensinou a pedir na oração perfeita, repetida pela Igreja ao longo de dois mil anos: “venha a nós o vosso Reino; seja feita a vossa vontade, assim na Terra como no Céu” (Mt 6, 10).

Mons João Clá Dias – Extraído dos comentários ao Evangelho da missa de vigília do Natal do Senhor.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Duas visualizações, duas eternidades... uma só Alegria!

É noite, noite fria, noite de inverno. Na cidade agora deserta, as poucas réstias de luz provêm do aconchegado interior das casas, filtradas por portas e janelas tão bem fechadas quanto possível à pobreza do lugar.
E pelas ruas vazias vagueia um casal cansado, à busca de hospedagem... Aparentemente, nada há de mais banal que esta cena.
Contudo, a jovem grávida está acompanhada de Anjos belíssimos e invisíveis, enquanto os Céus se debruçam embevecidos sobre Ela: é a Rainha do universo, “vestida de sol” e “coroada de doze estrelas” (Ap 12, 1), carregando no seu seio puríssimo — por obra de um milagre, misterioso e altíssimo — o Sol salvador que, instantes depois, inundaria a Terra e a História com sua luz redentora.
Esta maravilha, entretanto, os olhos humanos não a alcançam, porquanto os materialistas daquele tempo recusaram hospedagem a esta luz: para ela “não havia lugar” (Lc 2, 7) porque seus corações não eram dignos dela. E, nesta noite, Belém prenunciava Jerusalém, que não soube reconhecer o tempo em que fora visitada (cf. Lc 19, 44), nem quem podia trazer-lhe a paz (cf. Lc 19, 42), e acabou por crucificar o Senhor da glória a ela enviado (cf. I Cor 2, 8).
Assim, há os que, olhando para o Rei dos reis feito Menino, ofuscados pela aparência humilde e despojada, veem n’Ele apenas o filho do carpinteiro de Nazaré. Contudo, há também quem, olhando para o pobre, mas majestoso, filho de José, extasiado pela sua inocência e sabedoria, reconhece n’Ele o Senhor dos senhores. O mesmo Menino, vestindo as mesmas roupas, apresentando o mesmo porte, utilizando a mesma linguagem, suscita entretanto a seu respeito duas visualizações diversas, antagônicas e — quantas vezes! — em luta.
Na raiz mais profunda dessa adversidade está o embate entre dois campos incompatíveis: a cidade do mundo e a cidade de Deus, como tão bem descreve Santo Agostinho. E é em função dessa oposição que o divino Bebê de Belém, Juiz do universo, colocará uns à sua direita e outros à esquerda (cf. Mt 25, 33).
Assim, duas visualizações, duas mentalidades, dois mundos, duas eternidades se confrontam continuamente, quase sempre de modo velado, e Deus permite que as almas pertencentes a ambos os lados cresçam juntas (cf. Mt 13, 24-30), pois não há glória sem vitória, e não há vitória sem luta.

Pelos olhos da fé, vemos nas ruas de Belém caminhar uma Virgem, suave e recolhida. N’Ela, esperando para nascer, o Criador e Redentor — que tudo sabe e tudo pode — tem em suas mãos nossa felicidade e nossa paz. Sua chegada traz para nós a alegria do Natal, como mero prenúncio do gáudio da salvação eterna e definitiva. Ele nos convida constantemente a conquistar a glória celeste, antegozada ainda nesta Terra, pela alegria sincera da alma, por quem caminha seguindo seus sagrados passos. Alegria que entrava no mundo, no rastro de dois humildes viajantes que, rejeitados, cruzavam uma pequenina cidade, em fria noite de inverno.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A transformação das mentalidades

 Com a acentuada e crescente decadência moral dos últimos tempos, paulatinamente vão se transformando as mentalidades, e passam a vigorar novas normas, insurgindo-se contra as eternas estabelecidas por Deus. Dando largas às suas paixões e vícios, numa progressiva via de deterioração dos princípios morais mais profundos, os homens contemporâneos chegam a dizer “em seus corações: o Senhor não faz bem, nem mal”; e acabam por eleger para si máximas relaxadas de vida: “Tudo é permitido... É proibido proibir”.
Ora, se nós abrirmos os Evangelhos, constataremos que não foi essa a conduta de Jesus e nem sequer por aí rumaram seus conselhos. Muito pelo contrário, o Divino Mestre afirmou: “Seja a vossa linguagem ‘sim, sim, não, não’.”
Jesus foi pedra de escândalo
Durante sua vida pública, Cristo dividiu os campos entre o bem e o mal, a verdade e o erro, o belo e o feio. Assim o mostrou, por exemplo, São Beda, o Venerável, ao afirmar: “Quando Jesus pregava e prodigalizava seus milagres, as multidões eram tomadas pelo temor e glorificavam o Deus de Israel; mas os fariseus e escribas acolhiam com palavras carregadas de ódio todos os ditos que procediam dos lábios do Senhor, como também as obras que realizava.”
Já ao ser o Menino Deus apresentado no Templo, Maria ouviu de Simeão estas palavras: “Eis que ele está posto para ruína e ressurreição de muitos em Israel, e para ser alvo de contradição.” O fato de Jesus ter sido pedra de escândalo é uma das causas de O terem odiado e de O tratarem como o Homem mais rejeitado da História. Esse escândalo deu-se, sinteticamente, por três razões.
1.       Por sua humildade e grandeza. A Pessoa Divina de Jesus une em si dois extremos opostos: a humildade e a grandeza.
Que o Messias nascesse em uma gruta, talvez ainda fosse aceitável para o orgulho humano, mas morrer na cruz... Era levar esta virtude até limites inconcebíveis.
De outro lado, Cristo, de dentro de sua inferior condição humana, demonstrou seu domínio sobre as enfermidades e a própria morte, sobre os mares, os ventos e as tempestades, causando espanto até aos seus mais íntimos.
É-nos fácil compreender a humildade, mas vê-la harmonicamente subsistir com a grandeza, num mesmo ser, choca nossa débil inteligência. Entretanto, Jesus nos chama à prática dessas virtudes opostas: por um lado, estarmos convictos de nossa contingência; por outro, vivermos na plena compenetração de sermos, pelo Batismo, filhos de Deus.
2.       Jesus, ademais, escandalizou por sua doutrina. Não só por expô-la com clareza e integridade totais, mas por ser Ele a própria Verdade em substância: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” Não é difícil compreender o espanto de muitos ao ouvir o filho do carpinteiro dizer isto!
Como afirma Donoso Cortés, célebre escritor do século XIX, o homem aceita verdades, mas tem dificuldade em admitir a Verdade. A acirrada polêmica de Jesus com os fariseus tinha em seu cerne essa problemática: apontava o Divino Mestre para o grave dever moral de adequar a vida e os costumes à lei de Deus. Mas, sobretudo, convidava seus ouvintes a aceitá-Lo como fonte e substância de tudo aquilo que pregava.
Os fariseus eram hipócritas, condutores cegos, serpentes, raça de víboras, etc., e em seu orgulho estavam resolvidos a nunca aceitar a Verdade. Daí a perseguição até a morte, movida por eles contra o Verbo Encarnado.
3.       Por fim, Jesus escandalizou por sua santidade: “A condenação está nisto: A luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras são más. Porque todo aquele que faz o mal, aborrece a luz e não se chega para a luz, a fim de que não sejam reprovadas as suas obras.”
Ainda hoje — e assim será até o dia do Juízo — o pecador, em sua concupiscência, tem horror ao justo pois, à luz da vida deste, dá-se conta da maldade e feiúra do vício que abraçou, e não querendo abandoná-lo, procura destruir, ou denegrir o símbolo que o censura. A verdadeira santidade consiste em conhecer a Verdade, amá-la e praticá-la, ainda que isto possa levantar incompreensões e até rejeição. Disto Ele nos deu pungente exemplo no consummatum est, do alto da Cruz: de sinal de escárnio e de ignomínia, ela foi transformada pelo Redentor em trono de honra, poder e glória.


terça-feira, 4 de março de 2008

A Lei de Deus, eterna e imutável, nos dá a verdadeira liberdade

Numa homilia da quarta-feira da terceira semana da Quaresma, em 22 de março de 2006, o Mons. João Clá explica com clareza que a Lei de Deus, por ter um Autor eterno, é também eterna e inalterável. Ele nos mostra em que consiste a verdadeira liberdade, tendo como ponto de partida, o capítulo 5, 17-18 do Evangelho de São Mateus.

“Não penseis que vim abolir a Lei e os profetas. Não vim para abolir, mas para dar-lhes pleno cumprimento. Em verdade eu vos digo, antes que o céu e a terra deixem de existir, nem uma só letra ou vírgula serão tiradas da Lei, sem que tudo se cumpra”.


São Paulo diz que não é a lei que salva, mas sim Nosso Senhor Jesus Cristo. Entretanto, a liturgia hoje nos vem sublinhar bem que existe uma lei, e que Nosso Senhor não veio para aboli-la ou diminuí-la, mas veio para dar plenitude a ela e aos profetas.

Plenitude! Se coubesse em nossa cabeça o que é a eternidade que houve antes de nós... Deus viveu eternamente antes de criar o mundo. Em que momento da eternidade Ele criou? Não há momento na eternidade. Se nós falamos sobre a eternidade, começamos a patinar mais do que carro em terreno cheio de barro.

Certa vez, Santo Agostinho estava transtornado com o problema da eternidade que fica para trás e queria explicá-lo. Estava querendo explicar também como é a eternidade que vem pela frente, e pensava nisto: “Bom, um pé que fosse eterno e que pisasse sobre uma areia que fosse eterna, deixaria uma marca que seria eterna. Mas acontece que houve um momento em que essa marca passou a existir, enquanto que a eternidade sempre existiu!” Ele estava atormentado com o problema da eternidade.
E ele costumava discutir com São Jerônimo. São Jerônimo sempre foi uma alma reta, nunca tinha andado pelos erros e pelas heresias, ao passo que Santo Agostinho, tendo saído dos maniqueus, vinha trazendo uma série de problemas que precisavam ser explicados. São Jerônimo era muito mais velho que Santo Agostinho.

Enquanto Santo Agostinho estava debatendo consigo mesmo o problema da eternidade, de repente olha e vê São Jerônimo com uma bengala, com a barba branca, cheio de luz, dizendo: “Agostinho, o olho humano jamais viu, o ouvido humano jamais ouviu, a inteligência humana jamais concebeu. Espera e verás”.

São Jerônimo tinha acabado de morrer naquele momento e apareceu a Santo Agostinho para dizer a ele que esse problema não cabe na cabeça do homem enquanto este estiver na Terra. Só por um empréstimo da inteligência de Deus é que se pode compreender a eternidade que ficou para trás e a eternidade que vem pela frente. Ou seja, só depois de passar para eternidade é que compreenderemos o que ela é.
Ora, sendo Deus eterno, eterna é também a sua determinação, eterna é a sua Lei. Sendo eterno, Deus não pode fazer uma Lei que vá mudando como mudam os políticos. O poder legislativo faz leis que às vezes são contrárias à gestão anterior, revoga uma lei antecedente e faz uma lei completamente oposta. A legislação de Deus, pelo contrário, Ele a fez para toda a eternidade.

Por que essa Lei é eterna? Porque Deus não fez essa Lei por capricho. Deus é a Perfeição, Deus é a Verdade, Deus é o Bem, Deus é a Justiça, Deus é a Retidão. Portanto, Ele é a Lei.

Todo o universo criado se encontra sintetizado no homem: os Anjos sintetizados na alma humana; os animais sintetizados e sublimados; os vegetais sublimados e a natureza mineral também sublimada no homem. Então, o homem é uma espécie de micro universo. Ora, o universo criado por Deus está todo coordenado segundo leis que Ele pôs e segundo Anjos que vão controlando. E o homem no Paraíso tinha um dom chamado dom de integridade, que subjugava todas as partes inferiores à parte superior, que é a fé. Logo, a fé dava a nota para todas as outras leis se ordenarem.
Ao pecar, o homem perdeu todos os dons, e inclusive esse dom de integridade. Aí foi o desastre, porque cada parte quis fazer valer sua lei. É mais ou menos como se numa cidade, bem composta nos seus poderes legislativo, executivo e religioso, de repente faltasse alguém que desse o tônus da harmonia àquilo tudo e cada um começasse a exigir seus caprichos: a cidade viraria um caos. E assim, o homem virou um caos.

Apesar de o homem ter virado um caos, em seu coração, por instinto, está gravada a Lei de Deus. O que Deus escreveu nas tábuas que entregou a Moisés, isto Ele escreveu no nosso coração, essas leis existem no nosso coração. Quando deu as tábuas para Moisés, o que Deus fez foi promulgar uma Lei que já estava escrita no nosso coração.

Alguém poderia pensar: “Nossa, Deus nos deu uma Lei pesada!” É exatamente o contrário. Pesado é o pecado, o pecado é que torna difícil a vida do homem.

O pecador é escravo do pecado. Quem comete o pecado uma vez, duas vezes, três vezes, fica escravo do pecado. Esse perdeu a liberdade, porque quem é escravo perdeu a liberdade. Perdendo a liberdade, ele entra na prática de uma lei que é terrível: a lei da morte, porque o pecado é a morte. Quem está com a Lei de Deus, esse está com a vida de Deus.

Portanto, Deus nos deu a Lei para nos entregar a liberdade, para que possamos ser como Ele, para que possamos um dia vê-lo face-a-face, para que entremos em consonância inteira com Ele.